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'ele quer ouvir sua voz doce'

'Eu amo você, sempre amei, mas não acredito no que você me diz, pelo menos por enquanto, porque ainda não consigo esquecer o que aconteceu, talvez com o tempo eu acredite.'

Foi o que ele disse.
Era o que sentia. Não era medo, era mais como aprender com os erros. Como um animal que se machuca na cerca uma vez e nunca mais a pula.

Ela parecia não acreditar no que tinha escutado. Havia uma mistura de medo e dúvida em seu olhar, talvez pensasse que ele voltaria a ser tão cruel quanto fora antes, mas este já havia se afastado de uma vez por todas.

Disse que se não o amasse, não estaria com ele. Não estaria novamente naquele mesmo lugar. Uma voz falou alto dentro dele, dizendo que o que ela dizia era a verdade, mas seu orgulho foi mais forte e ele preferiu não aceitar.


Uma vez mais o mundo tentava os separar.
(Explosão) E tudo parecia parado no tempo, planos já não faziam sentido, só a esperança quebrada em contraste com o sorriso doentio e sem motivo dele.

A correntinha junto ao colo e o anel em seu dedo já não serviam de consolo. Agora a batalha era contra o tempo, contra o mundo, contra algo que não tinha certeza de onde vinha, mas que sempre aparecia quando tudo parecia tão mais próximo...

Fazia frio na cidade cinza, o primeiro dia de frio em duas semanas. O frio o fazia lembrar que podia estar abraçado com ela, se aquecendo em seu corpo quente, que tão bem se ajustava ao dele, se não fosse toda aquela explosão que bagunçou tudo. Tinham levado ela para longe, mas a distância nunca foi um empecilho. Mas ela estava em uma prisão onde ele não podia entrar.

Acendeu um cigarro para pensar. Ou para tentar parar de pensar. Nunca soube ao certo o motivo de fumar. E não seria agora que iria descobrir, só pensava em uma forma de trazer tudo ao rumo certo. Se é que isso existia.

Por muito tempo pensou que não a teria mais. E quando ela voltou, a levaram como uma brisa de inverno, que chega sem aviso e leva o calor de uma só vez. Não lhe parecia justo. Mas seus sonhos foram claros, isso tinha que acontecer.

Uma conversa, uma carta... Qualquer coisa que dissesse que ela também esperaria o Outono chegar. Era somente disto que precisava. Só isso para continuar andando. Para poder acordar durante as manhãs frias de Julho.

Já não sabia o caminho de casa, pois nunca teve uma, de fato. Decidiu que enquanto ela se mantivesse longe, iria traçar metas para que sua chegada fosse comemorada com festa. Queria usar este tempo para crescer mais, para entender como tudo funciona, para perdoar aquilo que sempre voltava na hora em que tudo parecia tão bem.

Ela pediu para que ele encontrasse alguém, para que não deixasse o frio lá fora cobrir o seu coração. Mas ele sabia que nenhum outro ser iria conseguir tal proeza. Somente ela havia conseguido transpor a montanha em que se encontrava seu coração sangrento. Somente com ela ele realmente batia.

Pediu desculpas por ter que ir, disse que não sabia o que iria fazer, mas não queria lhe fazer mal. 'Só vai me fazer mal se me olhar de longe' - era o que ele pensava. Nesse dia ele dormiu sozinho e sentiu frio.


E tudo aconteceu como ele havia previsto. No dia seguinte resolveu vê-la, mesmo sem ter sido convidado e contra a vontade dela. Ele tinha o direito de saber sobre seu próprio futuro, pensava. E como da última vez, a encontrou em uma estação do Metrô. Mas agora ele já não era tão frágil e nem estava disposto a rastejar aos pés daquela que, por respeito, ainda amava.

Noite fria e a mais chuvosa até ali. O dia havia sido tão bom que quase esquecera que estava prestes a enfrentar seu futuro frente á frente. Isso pode ser difícil, quando não se sabe ao certo o que ele lhe reserva.

E assim ela se foi, com um adeus frio como o vento, do outro lado da estação. Tão subitamente que ele quase não acreditou, mas era tudo o que o sonho tinha lhe avisado, novaemente seus sonhos se confundiam com realidade de sua vida cheia de idas e vindas, loteada entre o muro dos amores e o portão do Ódio.

Dessa vez não chegou a sangrar, isso o preocupou algum tempo depois que tudo se passou. Será que não tinha mais sangue para jorrar? Ou será mesmo que aquele que fora um dia estava de pé, esperando a hora certa de chegar? Só saberia com o tempo.

Tempo...
Objeto de admiração e de medo. Onde alguns se apoiam e outros muitos se perdem. Desde criança, ouvira pessoas a dizer que o 'Tempo cura todas as feridas', 'O melhor remédio é o tempo', 'Só o Tempo irá dizer que é certo ou errado'. Não confiava no Tempo, pois não confiava o que pessoas lh diziam.

Estava em Paz. Finalmente estava em Paz, e não tinha idéia do motivo de tanta felicidade. Oras, nenhum relacionamento que chega ao fim é feliz, de fato. Havia algo errado e podia ser sua forma 'diferente' de demonstrar e sentir qualquer tipo de emoção, ao menos achava que ali se encontrava o tal erro.

Eis que a Rosa Vermelha entra na historia, não que não existisse antes, pois existia desde a primeira página desse tal conto. Mas agora seu papel estava mais nítido, mostrava-se mais promissor; ele percebeu que só existia uma só rosa como aquela em todo o mundo, assim como no livro de 'O Pequeno Príncipe'


Outro dia cinza, esse muito mais cinza do que os outros. Mas isso já não importava, não temia os dias cinzas, agora que tinha se libertado de muitos medos. É, ele aprendeu muito. E agora sabia o porque da felicidade de outrora, tão injustificada por um momento e que agora era tão óbvia. Estava 'liberto'. Cumpriu com seu dever e pagou o que devia. Já não estava devendo para ela e nem para o mundo.

Acordou com um sorriso no rosto, como se tudo fosse mais belo, como se tivesse recebido o melhor presente de que se tem notícia. Se despediu da Bianca e agora tinha certeza que era pra sempre, pois só o que os mantinham ligados era seu relacionamento com ela, e isso acabou quando as portas se fecharam.

Percebeu que sentia um grande afeto por ela, mas que não era dela o coração que batia em seu peito, ele era seu e neste momento tornou-se muito mais dele do que antes. Estava vivo, oras! O que mais podia querer? Desejou felicidades para ela e nunca foi tão verdadeiro.

Também percebeu que algo havia se desprendido dele. Algo pesado e com aparência escura. Já não sentia a obsessão que o perseguia por meses. E sorriu ao lembrar de tudo. Tinha valido a pena e a eternidade foi aquilo.

Já não tinha pressa de encontrar o que procurava. Agora sentia prazer em caminhar, isso mudava tudo. Seu sonho havia falado sobre tudo isso e até mesmo sobre quem. Confiava em seus sonhos, nunca tinham falhado.

E agora havia uma viagem se aproximando. Sempre que sua vida mudava, fazia uma viagem. Ainda não sabia o porque, mas não se perguntava mais sobre isso, pois não estava preocupado.


A viagem foi muito diferente do que esperava. Tinha plena consciência de que cada viagem significava uma grande mudança, mas desta vez a mudança foi tão grande que já não sabia para onde tinha voltado, não sabia onde era sua casa, se realmente tinha uma.

Tudo era tão cinza e denso, que ficava difícil de respirar. O ar tinha um aspecto sombrio, como se estivesse em um filme de terror de quinta categoria. Não reconhecia as pessoas ao redor, nem a imagem no espelho. Teve medo. Não gostou de sentir medo, pois esse sentimento não fazia parte de sua vida.

Algo iria acontecer e ele sabia disso, podia sentir. Mesmo com receio de que algo ou tudo desse errado, continuou com seus planos que traçou enquanto estava longe da cidade cinza. Ele precisava ter certeza do que pensava, precisava saber com quem contar.

E veio a noite. Uma noite sem sono e sem descanso, pulou várias vezes na cama. Acordava assustado e sem ar. Agora tinha certeza que algo iria dar errado, mas sentia que isso era necessário, os erros nos ensinam muito mais objetivamente do que os acertos. E assim chegou o dia seguinte...

(Explosão) E tudo pareceu parado no ar. As fotografias na parede criaram vida, todos os olhos olhavam para os doi, todas aquelas pessoas assistiam sem piscar a cena de briga que nunca havia sido prevista. O ar passava a ficar cada vez mais pesado.

Ele estava confuso. Nunca em sua vida tinha esperado pelos gritos de seu irmão, nem pela força de suas atitudes, tão grosseiras e aterrorizantes. Estava assustado. Não sabia como agir, pois era a hora em que mais precisava de seu irmão. O momento em que esperava palavras de conforto e incentivo, mas o que ouviu foram termos e regras, insultos gritados por alguém cego. A voz de seu irmão estava sendo visivelmente controlada, para tentar reduzir ao máximo o excesso de raiva.

E tudo começou por causa dela. Novamente ela era o estopim de toda aquela guerra. E ele não aguentava mais isso. Em segundos o Amor virava Ódio e ele só desejava sua morte. Talvez assim tudo voltaria ao normal. Mas o que seria o 'normal'?

Sentiu que seu peito ardia em brasa, não era amor. Nada mais fazia sentido e ele caía aos poucos no pântao escuro e imundo de outrora. Uma vez mais por ela. Novamente por culpa do amor tão banal e patético que tudo destrói. Queria morrer, mas sentia fome e não podia ir antes disso. Fome de vingança, pois ela não sairia ilesa, não desta vez.


E assim seguiu por longos dias. Dias que pareciam décadas. Seguiu com seu ódio e sua fome de vingança. E quando não sabia aonde estava, olhava para o céu, via as estrelas e tinha certeza de que alguma chorava por ela. Sim... alguma estrela chorava por ele e assim teve certeza de que não estava sozinho.

Havia perdido seu irmão, tão precioso para ele. Percebeu que nunca havia tido aquela em que depositou tanto amor e esperança. E agora só queria que tudo isso desaparecesse, pediu por ammésia, mas não foi atendido, aquele tal Deus, gostava de brincar com sua sanidade.

Anestesiar. Eis a palavra de sua vida. Nunca curar, ou fazer passar, pois isso nunca foi possível. Só lhe restou a anestesia. A doce e traiçoeira anestesia. Onde podia fugir de tudo o que lhe fizesse mal, fazendo mais mal ainda a si mesmo, mas só havia aprendido esse modo de não sofrer.

E assim ficou por muitos dias. Anestesiado. Drogas, remédios, paisagens. Qualquer coisa que fizesse com que não prestasse atenção a tudo o que se passava á sua volta. Algo que não fizesse focar seus olhos á tudo que o machucava. Quando estava 'fora daqui' estava bem.

Anestesia. Subconsciente reclamando. Mais uma dose. Anestesia. Subconsciente reclamando. Mais uma dose... Não foram bons dias. Esteve triste em todos eles. E nunca tinha feito questão de esconder o que sentia. Nâo achava isso justo. Em sue modo de pensar todos os sentimentos tinham que ser apresentados, sem exageros, mas tinham que ser representados para o mundo. Sentimento preso se transformava em câncer, pensava.

Esteve dormindo por semanas. Quando acordou ainda sentia o gosto da anestesia em seus lábios, as garrafas vazias em sintonia com sua alma, vazia e sem esperanças. Quando acordou já não era. Quando acordou já não tinha. Não sentia. Não da forma de semanas atrás, estava diferente, como se algo tivesse sido arrancado a força, como se tivesse sido jogado em algum lugar que não conhecia e tudo era deserto...

Encontrou mulheres. Ou elas o encontraram? Já não acreditava em nenhuma, já não deseja ter nenhuma. Era puro instinto animal que o dominava. Só precisava satisfazer seus desejos. Só precisava sentir que estava vivo, mas isto não acontecia.


E o Irmão voltou. Mas não sabia se isso era bom. Já não o via como o irmão em que confiava seus segredos mais profundos e seus anseios, era só mais um no meio de tantos outros. Havia falhado e nada o deixava mais perdido do que falhar em algo que nunca podia prever. Tudo não passava de utopia? Já não sabia aonde estava, não sabia quem era ou o que queria.

Mais anestesia. Muito mais anestesia. E tudo não passava de um sonho, um sonho idiota e sem sentido, iria acordar e tudo estaria como ele deixou... Sim, só podia ser sonho. Mais parecia um estado de coma, não acordava nunca e esqueceu o que estava procurando.

Tanta anestesia fez-lhe ficar tolerante. Anestesia já não tinha efeito algum. Era como água. Ou pior que água. E tudo ficava mais difícil. Não sabia como estava, pois nunca esteve assim. Nem ao menos tinha para onde ir. Pois todos os lugares eram iguais.


E o tempo foi passando. Cigarros, café e revolta faziam parte de todo esse tempo.

(continua)

'então deixa amanhecer...'

Fluoxetina para os que vivem no passado.
Diazepan para os que vivem no futuro.
E um bom vinho para os que vivem o presente.

'Adeus, agora que sei que nas mais altas montanhas,
O vento é bem mais forte e tua sombra não mais queima,
Quem ousa te olhar nos olhos e ver que teus castelos são de areia
E que não há nada além de cinzas e sangue em tuas escritas.'

O Grande Olho vê tudo.
Ninguém pode fugir.
Então vamos aproveitar e pedir uma cópia da Tele-tela, pois estes são tempos que deveriam ficar na estante, junto com aqueles livros que nunca iremos ler.

Um café. Mais um e outro depois.
Um cigarro, um maço, um pacote fechado...

A Laurinha tinha sardas. Eu tenho cicatrizes.



'Sou o sorriso maldoso do Jack'

'e eu quero ser tudo pra te ver sorrir'.

Um ano para mudar todos os outros.

Um ano para que o Destino se faça presente e diga quem realmente é importante. Para mostrar o que é realmente importante.

Já não tenho medos ou receios. Já não tenho pressa de viver, aprendi a caminhar devagar e aproveitar o caminho. Por muito tempo esperei uma resposta para toda aquela explosão, agora só o que quero é viver.

Sentir meu coração como na Tradição do Sol. Ver meus olhos claros como nunca mais tinham ficado, pois a Vida voltou a eles em uma madrugada fria e nebulosa. Perdoar a nós mesmos com os olhos fechados, deixando para trás toda e qualquer tipo de culpa errada e desnecessária que insistimos em carregar.

E quando fecho os olhos, tenho certeza que te encontro na escuridão de meus pensamentos. Quando acordo, sei que seus olhos olharam para os meus, fazendo com que me trouxesse de volta de algum lugar distante, lembrando-me que meu lugar é e sempre vai ser ao seu lado.

'Sempre volta mais forte'.

como seria olhar para frente?

Ah!
Fome de viver que me mata aos poucos.

Vontade incontrolável de sair sem rumo para algum lugar que eu nunca pensaria antes. Desejo de gastar uma pequena fortuna em três dias com festas intermináveis e bebidas fantásticas. Provar do melhor vinho e da melhor comida de algum país do meio da Europa, daqueles em que a guerra nunca chegou ao fim.

Vou fazer café.

(...)

Essa arte alquimista de fazer café é muito séria e presente em minha vida. Em todos os grandes momentos lembro de ter feito ou tomado um bom café. Bons e maus momentos, mas todos com grande importância.

Hoje estou assim, um pouco fora de órbita, apostando todas as minhas fichas em alguém que despertou meu interesse, o mais profundo e intenso interesse. Como se soubesse, de alguma forma estranha, que ela seria aquela em que eu poderia confiar meu mais sincero abraço, aquela que fizesse com que meu sono voltasse ao normal, nunca alcançado.

'Me conta seus segredos', penso, enquanto olho para você. Porque talvez assim eu consiga saber quem sou, talvez assim eu descubra, finalmente, o que desejo de tudo. Mas você não consegue ouvir o que penso.

E o passado aos poucos vai criando cicatrizes. Deixando a marca profunda em minha pele, mas agora não sangro mais.

e eu não vou ficar te procurando aonde eu posso encontrar.

'Just one more coffee...
just one more kiss...
Just one more song...

It's all that I need'

Bom Dia.
O engraçado é que só consegui dormir quando o céu ainda estava cinza, o Sol não tinha aparecido. E só acordei quando já não tinha luz alguma lá fora.
Mais um dia perdido?
Sempre preferi a noite.

Meu cabelo está bagunçado, minha boca está cheirando a café e a alcool. Com uma pitada de tabaco. Ainda nao tomei um bom banho. Preciso de um banho. u_u

Mas estou bem.
Estou com meus irmãos. Isso já é o suficiente pra hoje.

E como disse o Héric:
'Você era um gayzinho.'

Até logo.