nelson júnior.
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- Tabacaria

    Não sou nada.
    Nunca serei nada.
    Não posso querer ser nada.
    À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

    Janelas do meu quarto,
    Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
    (E se soubessem quem é, o que saberiam?),
    Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
    Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
    Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
    Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
    Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
    Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

    Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
    Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
    E não tivesse mais irmandade com as coisas
    Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
    A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
    De dentro da minha cabeça,
    E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

    Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
    Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
    À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
    E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

    Falhei em tudo.
    Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
    A aprendizagem que me deram,
    Desci dela pela janela das traseiras da casa.
    Fui até ao campo com grandes propósitos.
    Mas lá encontrei só ervas e árvores,
    E quando havia gente era igual à outra.
    Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

    Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
    Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
    E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
    Gênio? Neste momento
    Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
    E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
    Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
    Não, não creio em mim.
    Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
    Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
    Não, nem em mim...
    Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
    Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
    Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
    Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
    E quem sabe se realizáveis,
    Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
    O mundo é para quem nasce para o conquistar
    E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
    Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
    Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
    Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
    Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
    Ainda que não more nela;
    Serei sempre o que não nasceu para isso;
    Serei sempre só o que tinha qualidades;
    Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
    E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
    E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
    Crer em mim? Não, nem em nada.
    Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
    O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
    E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
    Escravos cardíacos das estrelas,
    Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
    Mas acordamos e ele é opaco,
    Levantamo-nos e ele é alheio,
    Saímos de casa e ele é a terra inteira,
    Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

    (Come chocolates, pequena;
    Come chocolates!
    Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
    Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
    Come, pequena suja, come!
    Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
    Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
    Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

    Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
    A caligrafia rápida destes versos,
    Pórtico partido para o Impossível.
    Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
    Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
    A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
    E fico em casa sem camisa.

    (Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
    Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
    Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
    Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
    Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
    Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
    Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
    Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
    Meu coração é um balde despejado.
    Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
    A mim mesmo e não encontro nada.
    Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
    Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
    Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
    Vejo os cães que também existem,
    E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
    E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

    Vivi, estudei, amei e até cri,
    E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
    Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
    E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
    (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
    Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
    E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

    Fiz de mim o que não soube
    E o que podia fazer de mim não o fiz.
    O dominó que vesti era errado.
    Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
    Quando quis tirar a máscara,
    Estava pegada à cara.
    Quando a tirei e me vi ao espelho,
    Já tinha envelhecido.
    Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
    Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
    Como um cão tolerado pela gerência
    Por ser inofensivo
    E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

    Essência musical dos meus versos inúteis,
    Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
    E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
    Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
    Como um tapete em que um bêbado tropeça
    Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

    Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
    Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
    E com o desconforto da alma mal-entendendo.
    Ele morrerá e eu morrerei.
    Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
    A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
    Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
    E a língua em que foram escritos os versos.
    Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
    Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
    Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

    Sempre uma coisa defronte da outra,
    Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
    Sempre o impossível tão estúpido como o real,
    Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
    Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

    Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
    E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
    Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
    E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

    Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
    E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
    Sigo o fumo como uma rota própria,
    E gozo, num momento sensitivo e competente,
    A libertação de todas as especulações
    E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

    Depois deito-me para trás na cadeira
    E continuo fumando.
    Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

    (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
    Talvez fosse feliz.)
    Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
    O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
    Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
    (O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
    Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
    Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
    Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

    Álvaro de Campos, 15-1-1928

- é assim.

Odeio monogamia, mas de vez em quando, prendo-me a alguém. Sou a pessoa mais feliz que conheço, posso fazer com que todos ao meu redor fiquem a sorrir o dia inteiro, mas minha depressão e melancolia me engole de tal forma que tudo o que vejo são cinzas.

Gosto de ajudar as pessoas que amo. Saber que estão bem me faz ficar bem.

Desejo que meus inimigos sejam felizes, assim deixam de ser inimigos, ao mesmo tempo quero que eles queimem qual brasa. Perdôo com uma facilidade incrível e guardo rancor eternamente.

Defendo minhas idéias com minha vida. Sempre sei o que pensar, sempre tenho uma opinião, mas nunca sei ao certo o que penso, como ter uma opinião em um mundo que está em constante mudança?

Gosto de ter prazer. Comer, cantar, tocar guitarra, beber, beijar e sexo são meus prazeres preferidos. Diversão é algo que me deixa desligado de tudo por um tempo e isso me faz bem.

Não tenho a mínima noção de como vai ser amanhã, se disser que não me preocupo estaria mentindo, o que acontece é que vivo somente o hoje. O amanhã não me importa muito e não tenho tempo para esperá-lo. Talvez por isso sou ansioso, por querer tudo para agora, pois sei que o amanhã é incerto.

Vivo de acordo com o que sinto. Não reprimo nenhuma de minhas vontades. Cada momento é único e não volta nunca. Sempre temos somente uma chance.

Gosto de ser amado, mas amar é sempre difícil. Amar é se entregar e não confio em ninguém até agora, mas isso eu digo hoje, amanhã possa me apaixonar 'eternamente' por alguém.

Viajar me deixa bem. Toda viagem é diferente, sinto como se mudasse um pouco, sempre pra melhor. Viajar é o que mais gosto de fazer.

Me apaixono fácil e é tão difícil de gostar de alguém de verdade.

Prometo mil coisas, que na hora são acessíveis, mas depois de algum tempo ficam impossíveis de serem cumpridas.

Gosto de músicas com gritos e berros satânicos e de músicas melódicas, quase que choronas.


Em resumo sou assim, mudo a cada instante, a cada sopro diferente. Mas sou sempre mesmo, pois minha 'essência' está em 'mudar sempre'. Sou assim.

- entre a euforia e a depressão

Com todos esses anos convivendo comigo mesmo, aprendi que toda fase muito feliz eh seguida de uma fase de profunda depressao.

Porem nao se enganem, Sagitario oscila entre a euforia e a depressao. Entre o otimismo destemido ou uma inconsolavel descrenca.

Talvez seja por metas nao alcancadas, por decepcoes, por exigir demais, por nao poder controlar tudo... So o que importa eh que nao estou bem hoje. Aquela sensacao irritante de vazio e de que nada faz sentido. De que nao adianta lutar por nada, porque nascemos para morrer.

So o que posso fazer eh esperar essa ma fase passar. Esperar tudo voltar ao `normal, se eh que isso aqui foi normal um dia.

Nao preciso de conselhos, preciso de companhia, companhia verdadeira e sem interesses no que tenho, so preciso de pessoas que se interessem por mim.

Dias cinzas sao sempre os piores.

Boa Noite.

- boooooooom diaaaaaaaa! *-*

São 6:40 da manhã.
Ainda não dormi, estava com saudades da minha companheira das madrugadas de antigamente, minha insônia.
Já havia esquecido como sinto-me bem 'não dormindo' de vez em quando. Ver meus filmes, ouvir minhas músicas, escrever meus textos, fumar meus cigarros... *-* Tudo isso me fazia falta e eu não havia percebido.

Ontem eu vi a Amarela! hsuahsuaush
Deve ser a milésima vez que falo isso, gosto de lembrar. Estava bonita como sempre, linda. *-* Amores de infância são os mais legais! E ficam engraçados com o tempo. =)

Também 'lembrei' que gosto de Titãs! OMG! Muito tempo que não ouvia essa banda.
'Ás vezes qualquer um, faz qualquer coisa por sexo, drogas e diversão'

To afim de uns beijos hoje, alguém tah afim? *-* suahsuauhsauhs

Vou tomar meu café agora,
Porque uma madrugada sem café não vale de nada. u_u



Beijooos,
Bom Dia!
=)

-

Onde será que perdi minhas chaves?

Traição:

Como uma forma de decepção ou repúdio da prévia suposição, é o rompimento ou violação da presunção do contrato social (verdade ou da confiança) que produz conflitos morais e psicológicos entre os relacionamentos individuais, entre organizações ou entre indivíduos e organizações.

-

Podia dizer que agora preciso 'viajar' , que essas viagens sempre mudam minha forma de pensar e toda aquela putaria de sempre. Mas não to afim. Se é pra vir pra cima, que venham todos de uma vez, eu aguento.

Quem é o próximo?

2010 já é um ano de perdas. (y)

estrela apagando, espelho quebrando, olhos que se fecham...
espero que acabe por aí.


Não preciso agradar ninguém. Isso é o que sinto; 'Vocês são podres'.
'Jesus também andou com os porcos' Mas o mano Jesus NUNCA 'misturou-se' com eles, esse seu mesmo Jesus disse: 'Diga-me com quem andas que eu direi quem és'.

Quero tudo o que me pertece de volta. Somente isso. E aquilo que estiver 'estragado' que fique bem no lugar que está, não preciso de nada que me faça mal.


beijos,
bom dia.